terça-feira, abril 30, 2024

Crítica | De Volta à Itália – Liam Neeson estrela filme visualmente bonito, mas vazio…

Liam Neeson tem uma carreira bem curiosa. Tendo atingido o estrelado em 1993, ao interpretar um empresário nazista que via nos judeus uma mão de obra gratuita para a sua empresa no premiado ‘A Lista de Schindler’, passou quase que os vinte e poucos anos seguintes a este longa estrelando basicamente filmes de ação, nos quais interpreta quase que invariavelmente um pai e/ou marido que tem sua família arrancada do seu convívio e, por isso, precisa buscar fazer justiça com as próprias mãos. Aí eis que, do nada, ele volta aos cinemas com um longa lançado em 2020 – uma comédia romântica dramática intitulada ‘De Volta à Itália’, que chegou às salas brasileiras essa semana.

Jack (Micheál Richardson) é curador de galeria de arte e está se separando da esposa, Ruth (Yolanda Kettle), que é dona do espaço. Durante a inauguração de uma exposição Ruth se aproxima e diz que sua família irá vender a galeria, e que Jack tem um mês para desocupar o espaço. Desesperado ao ver que todo o trabalho de sua vida será arrancado de suas mãos, o rapaz decide tentar resolver a questão voltando ao seu passado, entrando em contato com o pai – o artista Robert (Liam Neeson), com quem não fala há tempos – para que juntos eles vendam a casa que herdaram da falecida mãe de Jack, onde ele passara sua infância, e, assim, com o dinheiro, ele consiga comprar a galeria de sua ex-esposa.

Escrito e dirigido por James D’Arcy (o padre Francis de ‘O Exorcista: O Início’) e uma hora e meia de duração, ‘De Volta à Itália’ propõe ser uma comédia romântica dramática, mas é, na real, um drama com toques mais leves. Ao centrar a história no filho ambicioso e afastado do pai, a história acaba girando em torno das questões pessoais deste protagonista que é, em si, desinteressante e com questões com as quais o espectador pouco se conecta. Toda a questão mal resolvida da morte da mãe, por exemplo, não é trabalhada, apenas mencionada, para então, de repente, virar o centro das resoluções.

O fato de o longa se localizar na Toscana, na Itália, e trazer uma estética romântica ao seu primeiro arco propõe trazer a sensação ao espectador de que será um filme deste gênero; porém, as sequentes subtramas que não se desenvolvem, a infantilidade do protagonista em querer fazer as coisas sem contar a ninguém seus motivos e a atuação de Liam Neeson – visivelmente desconfortável em cena, mesmo interpretando um bon vivant bebum – deixa não só a coisa toda perdida, mas o próprio espectador desconfortável com o que vê.

As belas paisagens da Toscana em ‘De Volta à Itália’ deslumbram, mas não são o suficiente para prender nosso interesse pelo filme. Com um elenco sem química e uma trama sem costura, o filme surpreende por trazer Liam Neeson em um gênero do qual frequentemente se mantém afastado. Entretanto, é um filme com um profunda raiz italiana, retratando com gosto toda a sua gastronomia, sua alegria e modo de viver, que faz a gente ter vontade de largar tudo e ir viver em uma cidadezinha no interior da Itália, tal como os personagens.

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