sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | A Boa Esposa – Um grito de força para as próximas gerações

Trazendo para os espectadores uma história de força feminina, mudanças em uma época que se soma à famosa revolução social de 1968 na França, marcada por greves gerais e ocupações estudantis que provocaram uma liberdade e força da cultura jovem na Europa, A Boa Esposa mostra o despertar das personagens, de gerações diferentes, para os iminentes conflitos em busca dessa liberdade em um tempo ainda em curtas mudanças no modo de enxergar a mulher na sociedade, na família, no trabalho. Dirigido pelo cineasta Martin Provost e com mais uma bela atuação da musa do cinema francês, Juliette Binoche, o filme, principalmente em seu desfecho, para lá de emblemático, não deixa de ser um grito de força para as próximas gerações.

Na trama, conhecemos Paulette Van Der Beck (Juliette Binoche), que junto ao seu marido Robert (François Berléand) comandam uma escola na Alsácia que basicamente tem o objetivo de treinar adolescentes para se tornarem donas de casa perfeitas. Lá aprendem a cozinhar, a costurar, todos os elementos absurdos sem escolhas para seguirem ordens do marido, só podendo ficar calada. Mas visões feministas chegam para as jovens através do rádio, de algumas experiências escondidas das jovens culminando em uma espécie de revolta ainda tímida mas que ganha força com a união entre elas. Em paralelo a isso, após um acontecimento trágico, Paulette redescobre o amor que fora separado anos atrás pela guerra o que a faz entrar também em uma nova linha de pensar, ensinando o que já não acredita, há um conflito interno pouco exposto que começa a surgir com a chegada desse inacreditável novo amor.

Há reflexões em todos os cantos desse ótimo longa-metragem francês. Na frase: ‘Amaria ser sua esposa, não sombra de sua vida’ fica óbvio a mudança, a atitude, a união das mulheres em relação a como são tratadas por uma sociedade extremamente machista. O uso da comédia em contraponto, ou até mesmo misturada ao drama dão suavidade, leveza, deixando a reflexão chegar de maneira mais mastigada ao espectador. O caótico universo do desespero daqueles que não conseguem se posicionar acabam avançado nas linhas da tragédia mesmo que o filme tenha poucas pausas dramáticas/cômicas.

Em paralelos, dentro do universo temporal mencionado (final da década de 60), vamos vendo uma França como uma pólvora de conflitos sociais, principalmente contra o governo de De Gaulle (já no finalzinho do governo do mesmo). Conseguimos preencher as linhas das lacunas deixadas, enxergamos o horizonte, sobre essa construção de um movimento em diversos lugares do mundo (não só na França). Nesse ponto, a importância da personagem Paulette que entra em uma desconstrução tão profunda quanto o país em sua volta. A partir dessa transformação, rouba a cena completamente, fruto também da competência em cena de Binoche.

O longa-metragem estreia dia 17 de junho. Um belo trabalho, repleto de humor, drama (até musical!) e carismáticas interpretações. Seguir ordens do marido, só podendo ficar calada? Não mais!

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