sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | A Batalha das Correntes – Dr. Estranho, Homem-Aranha e Fera em filme sobre inventor da lâmpada elétrica

Enquanto os universos da Marvel não se cruzam pra valer nas telonas, ‘A Batalha das Correntes’ chega aos cinemas trazendo Benedict Cumberbatch, Tom Holland e Nicholas Hoult juntos em um filme de época baseado numa história real: a criação e a disputa do melhor tipo de corrente elétrica nos Estados Unidos.

A história começa em 1880, com uma primeira cena belíssima, mostrando Thomas Edison (Cumberbatch, em atuação bastante semelhante à que entregou em ‘O Jogo da Imitação’) apresentando sua mais nova invenção: a lâmpada elétrica. Porém, sua invenção é baseada no fornecimento de energia elétrica através de corrente contínua (quando os elétrons se movimentam em um único sentido), que, a seu ver, seria a única forma de prover eletricidade a um objeto de maneira segura aos seres humanos. O problema é que essa técnica consegue abranger apenas pequenas distâncias, o que tornava a tecnologia de Edison muito cara para um país do tamanho dos Estados Unidos.

Tudo isso, obviamente, desperta o interesse de investidores e inventores do mundo inteiro, inclusive de George Westinghouse (Michael Shannon, bem no papel), que tentou se associar à Edison, mas, diante da recusa deste, resolveu investir em sua própria ideia e criar a lâmpada elétrica de corrente alternada (na qual os elétrons mudam de direção constantemente), que, por causa dessa diferença, consegue abranger distâncias maiores e, consequentemente, é um investimento mais barato para as cidades. A partir daí, começa uma eterna competição entre os dois inventores para ver quem conquista mais territórios norte-americanos (como dois meninos brincando de WAR na vida real).

É necessário essa longa introdução porque o espectador desavisado provavelmente será atraído por ‘A Batalha das Correntes’ devido ao elenco de rostinhos de super-heróis. Entretanto, se o espectador não conhecer minimamente a história que está sendo retratada no filme, provavelmente irá se sentir perdido. O roteiro de Michael Mitnick faz um bom recorte deste momento importante da transição da sociedade para a era moderna, porém o faz de uma maneira extremamente técnica, utilizando terminologia específica da área, com diálogos rápidos e intensos ricocheteando de um lado para o outro, o que deixa a gente correndo atrás dos personagens o tempo todo.

O cuidado que o diretor Alfonso Gomez-Rejon teve em criar uma história sólida baseada no trabalho de personalidades importantíssimas para o mundo é visível, seja investindo em uma boa caracterização de época e numa composição de cenário que pensa nos mínimos detalhes (quem é fã das invencionices desses gênios vai reconhecer os easter eggs científicos casualmente colocados em cena), seja conseguindo manter o bocudo do Tom Holland quieto sobre spoilers, mesmo quando o querido Homem-Aranha interpreta apenas o assistente de Thomas Edison (mais uma vez o menino Tom servindo de boy para um CEO rico que inventa coisas, ai ai…).

Para engenheiros e fãs de tecnologias (acreditem, eles existem!), o auge do longa é a introdução do personagem Nikola Tesla (Hoult, que poderia ter entregado um pouco mais de fervor a este grande cientista), que hoje sabemos ter sido um dos principais inventores do mundo, responsável por muitas das tecnologias que hoje desfrutamos, como o sistema de corrente alternada em grandes represas de água para transmissão de energia a cidades mais distantes. Tesla, inclusive, já foi interpretado no cinema por David Bowie, em ‘O Grande Truque’.

Não deixe de assistir:

A Batalha das Correntes’ tem uma bela montagem e edição, que combina elementos da engenharia com recursos das próprias invencionices para ajudar a contar esta importante história da nossa sociedade moderna, que infelizmente é desconhecida pela maioria das pessoas, especialmente aqui no Brasil.

O filme desperta o interesse por mais detalhes sobre o período em que esses três gênios viveram, porém, com somente 1h47 de duração, ele consegue apenas apresentar os elementos da trama, impossibilitando o espectador de se aprofundar na história e sentir empatia pelos personagens. Talvez o formato de um longa-metragem não seja suficiente – o ideal seria algumas horas a mais divididas em episódios, de modo a abranger com mais capricho a complexidade do trabalho desses três grandes cientistas.

Produzido em 2017 com a ajuda de Martin Scorsese (e engavetado por dois anos por motivos de: coisas de Hollywood), ‘A Batalha das Correntes’ apresenta uma grande história desconhecida ao público, mas que precisa do auxílio de um glossário para que o cidadão comum possa entender. Como conhecimento nunca é demais, fica a dica de uma história fundamental, bem realizada em seu formato de longa-metragem.

 

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