terça-feira, março 19, 2024

Crítica Netflix | Os 7 de Chicago: Aaron Sorkin comanda cinebiografia com elenco estelar

Recortes rápidos, tomadas documentais que flertam com imagens produzidas em um set de filmagens e uma trilha sonora que habilmente pulsa nos ouvidos da audiência marcam os primeiros sete minutos de Os 7 de Chicago. Inadvertidamente, a cinebiografia de Aaron Sorkin já se inicia dispensando apresentações e prepara os nossos olhos para uma experiência cinematográfica que promete (e eventualmente cumpre) ser bem imersiva. Trazendo à luz uma história guardada em livros históricos empoeirados, a produção remonta o caso homônimo do grupo de jovens que liderou uma manifestação passiva contra a Guerra do Vietnã, apenas para vê-la tomar corpo por conta própria, gerando um dos confrontos com policiais mais famosos da história norte-americana.

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Os 7 de Chicago é preciso em seu timing e chega à plataforma da Netflix diante de um público local cheio de incógnitas e com o poder de decisão na ponta dos dedos. Em meio a um cenário de eleições presidenciais, a produção dirigida e roteirizada por Aaron Sorkin apresenta confrontos ideológicos, ataques à liberdade de expressão, um governo com características comprovadamente manipuladoras e opressoras e um julgamento político. Se dialogando socialmente com os assinantes norte-americanos, à medida que introduz as demais audiências mundiais a uma história pouco contada, o cineasta vencedor do Oscar por A Rede Social honra sua estatueta e usa sua paixão pelo viés jornalístico – que tanto trouxe aos seus trabalhos anteriores, como The Newsroom e Studio 60 on the Sunset Streep – como um gatilho narrativo para a construção de seu roteiro.

E por vezes se apropriando também do gênero de documentário, Sorkin constrói o seu longa a partir da combinação entre espetáculo cinematográfico e abordagem documental, fazendo do drama um relato genuíno e o mais fiel possível da realidade dos fatos. Com sua estética e fotografia também seguindo a mesma perspectiva, Os 7 de Chicago muitas vezes se confunde em seu gênero, se tornando um filme tão clínico e bem executado, que em alguns momentos poderia até passar pelo crivo de um exímio documentário. Fazendo da sua edição um banquete visual ágil que conecta os fatos entre si, a estética da cinebiografia ajuda a contar a sua história que, ainda que majoritariamente se passe dentro das quatro paredes de um tribunal, consegue caminhar com voracidade e ritmo, encantando até mesmo aquele cinéfilo que foge dos dramas jurídicos.

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Trabalhando os personagens de maneira equilibrada, o drama não desperdiça os talentos em tela e sabe administrar o tempo de cada um de seus protagonistas, permitindo que a história caminhe de forma concisa e bem ajustada. E aqui, o brilhante elenco de Sorkin se destaca em cenas de impacto e repletas de discursos poderosos, que evidenciam a versatilidade dos atores Yahya Abdul-Mateen II, Sacha Baron Cohen e Jeremy Strong, conforme também valorizam os já consagrados Frank Langella, Mark Rylance, Eddie Redmayne e Joseph Gordon-Levitt. Com excelentes dinâmicas em tela, os atores se entrosam com facilidade e contribuem para o desenvolvimento da trama, fazendo com que a audiência se identifique com seus respectivos arcos – que são trabalhados de forma efêmera, mas muito eficaz.

Envolvente do começo ao fim e com diálogos reflexivos que mais uma vez fortalecem o cirúrgico timing da produção, Os 7 de Chicago é mais uma evidência da versatilidade narrativa de Aaron Sorkin, que passeia pelo gênero de cinebiografia com uma maestria um tanto rara na indústria. Transformando os fatos em também alegorias artísticas e envolventes, o drama baseado em uma história real é jornalístico por seu levantamento de dados e autoral por sua abordagem Hollywoodiana, que reúne alguns pequenos clichês clássicos que, embora sejam bem batidos, não tiram o vigor e o brilho deste que é mais dos atemporais trabalhos do cineasta.

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