sexta-feira , 31 janeiro , 2025
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A Família

(The Family)

 

Elenco:

Michelle Pfeiffer, Robert De Niro, Tommy Lee Jones, Anthony Mangano, David Belle, Dianna Agron, Domenick Lombardozzi, Dominic Chianese, Gino Cafarelli, Greg Antonacci, Jon Freda, Joseph Perrino, Paul Borghese, Ricardo Cordero, Vincent Pastore.

Direção: Luc Besson

Gênero: Drama

Duração: 110 min.

Distribuidora:Paris Filmes

Orçamento: US$ — milhões

Estreia: 20 de Setembro de 2013

Sinopse:

A história de ‘A Família acompanha um mafioso norte-americano (De Niro) que mora com sua família, os Manzoni. Ele está sob o serviço de proteção a testemunhas do FBI, e tentam recomeçar a vida em uma pequena cidade. Porém, velhos hábitos são difíceis de serem erradicados. Pfeiffer vive sua esposa.

Curiosidades:

» Inicialmente intitulado ‘Malavita‘.

 

Trailer:

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Cartazes:

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Fotos:

Um Time Show de Bola

(Metegol)

 

Elenco:

Vozes de: Rupert Grint, Anthony Head, Peter Serafinowicz, Rob Brydon, Juan José Campanella, David Masajnik, Fabián Gianola, Horacio Fontova, Miguel Ángel Rodríguez, Pablo Rago, Sebastián Mogordoy.

Direção: Juan José Campanella

Gênero: Animação

Duração: 106 min.

Distribuidora: Universal Pictures

Orçamento: US$ 22 milhões

Estreia: 29 de Novembro de 2013

Sinopse:

Desde garoto Amadeo é apaixonado por totó. Um dia ele é desafiado por Colosso, um arrogante garoto que vive se gabando por ser um exímio jogador de futebol de verdade. Mas a partida épica de pebolim entre os dois não foi vencida por ele. Anos mais tarde, ele retorna rico e com seu dinheiro quer transformar a cidade natal em um espécie de parque temático. Agora, para salvar a cidade, Amadeo terá que aceitar o desafio proposto pelo vilão: enfrentá-lo numa partida de futebol de verdade. É quando algo mágico acontece e os bonecos da mesa de jogo ganham vida para ajudar o seu companheiro de grandes jogadas.

Curiosidades:

» Dirigido por Juan José Campanella (O Segredo dos Seus Olhos).


Trailer:

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Cartazes:

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Fotos:

Questão de Tempo

(About Time)

 

Elenco:

Rachel McAdams, Bill Nighy, Margot Robbie, Domhnall Gleeson, Tom Hollander, Vanessa Kirby, Lindsay Duncan, Haruka Abe Haruka Abe, Lee Asquith-Coe, Lee Nicholas Harris.

Direção: Richard Curtis

Gênero: Romance

Duração: 123 min.

Distribuidora: Universal Pictures

Orçamento: US$ — milhões

Estreia: 20 de Dezembro de 2013

Sinopse:

O romance, de baixo orçamento acompanha uma história de viagem no tempo. Tim (Domhnall Gleeson) é um jovem que descobre ser um viajante do tempo, e decide usar seu dom para encontrar a garota dos seus sonhos (Rachel McAdams).

Curiosidades:

» A comédia romântica sobre viagem no tempo é dirigida por Richard Curtis (‘Simplesmente Amor’).

» McAdams entrou no lugar deixado por Zooey Deschanel (‘Fim dos Tempos’). A atriz já estrelou uma produção sobre o mesmo tema, ‘Te Amarei Para Sempre‘.

 

Trailer:

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Cartazes:

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Fotos:

Confia em Mim

O Conto do Vigário

Recém-saído do sucesso de seu personagem Félix no folhetim do meio de comunicação mais influente de nosso país, o ator Mateus Solano volta a interpretar um personagem dúbio – desta vez no cinema. Em Confia em Mim, Solano vive Caio, o aparente príncipe encantado que cai do céu no colo da solitária Mari (papel da bela Fernanda Machado). A protagonista é uma chef de restaurante, que vive tendo que se provar para o seu maior desafeto, o patrão. Mesmo sem a confiança do superior, Mari é uma cozinheira talentosa, seu problema é a falta de segurança.

Tal insegurança a personagem principal carrega para outros aspectos de sua vida, como o pessoal, o que a impossibilita de conhecer bons partidos, ou ao menos estar aberta a eles. Com a família também não é diferente e a moça não inspira a confiança da mãe e a da irmã. Mari é uma protagonista trágica. Todos os problemas são esquecidos quando ela conhece o simpático e galanteador, Caio. Logo, os dois estão vivendo um tórrido caso de paixão. Mas aos poucos, a protagonista junta pequenas peças de que o sujeito talvez não seja tão sincero assim.

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Tudo piora quando ela recebe o primeiro grande baque, que é a grande reviravolta da obra e um assunto difícil de ser revelado sem que estraguemos a surpresa. Entrei em Confia em Mim sem saber sua premissa, mas tal fato deve estar contido em todas as sinopses e, sem que precisemos pensar muito, no título. Após conseguir arrecadar uma grande quantia como investimento para a compra de seu próprio restaurante, incentivada pelo novo companheiro, Mari vê o desespero tomar conta quando aparentemente perde numa só tacada o grande amor e seu futuro profissional.

Confia em Mim se comporta mais como um caso especial, desses que o mesmo veículo que deu fama a Solano costuma exibir, do que como um filme propriamente dito. E isto se deve ao departamento técnico da produção (fotografia, direção de arte, etc.) todos bem próximos a uma experiência televisiva. Não é coincidência alguma que a obra seja bancada pelo tal veículo, ou seu departamento no cinema, a Globo Filmes. Tirando isso da frente, devemos dizer também que o roteiro de Fábio Danesi não é de todo ruim. A trama é bem delineada, faz sentido e possui um grande sentimento ambíguo em relação ao personagem de Solano, até a hora da revelação de fato.

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A direção do estreante Michel Tikhomiroff possui um ritmo bom e gradualmente vai aumentando o risco das situações. Os atores não deixam a coisa descarrilar. Fernanda Machado (Tropa de Elite) exala mais charme e beleza impossível em seu retrato da personagem azarada. Sua naturalidade é um ponto positivo. Já Solano, exibe pequenos reflexos e trejeitos de seu caricato personagem novelesco ainda entranhados em sua personalidade, como apontaram colegas de profissão. Ao irmos ao cinema desejamos algo diferente do que podemos ver na televisão, algo de certa magnitude e abrangência artística maior. E esta necessidade sem dúvidas não é suprida aqui. Confia em Mim termina com gosto de uma exibição fraca de outro programa do mesmo veículo (e por que não?), o Supercine.

Capitão América 2: O Soldado Invernal

O Melhor Filme da Fase Dois

A Marvel Studios está de parabéns. Uma das maiores forças empresariais do nosso tempo, a Marvel tem uma história tão interessante quanto suas criações. De editora de quadrinhos a uma das mais rentáveis máquinas de cinema de Hollywood, são mais de 70 anos de história. Algo que merece no mínimo o nosso respeito. No percurso de altos e baixos, chegamos ao presente, dizendo de forma segura que a transição para o cinema foi feita de forma satisfatória.

Desde que recuperou os direitos da maioria de seus personagens, a empresa emplacou um sucesso atrás do outro. E conseguiu ir além inclusive dos antigos estúdios portadores de suas propriedades, vide a Fox (X-Men e Quarteto Fantástico) e a Sony (Homem-Aranha). São nove filmes do estúdio, sendo este Capitão América: O Soldado Invernal (ainda bem que decidiram optar mesmo pelo título original), o terceiro da chamada fase dois – que serão sempre fechadas por um filme dos Vingadores.

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Dentro de seus próprios direitos, a Marvel cria filmes de heróis bem diferentes entre si. Temos explorados, mundos tecnológicos (Homem de Ferro), mundos de fantasia (Thor), sagas espaciais (Os Guardiões da Galáxia, que estreia em breve) e com Capitão América 2, temos suprida a necessidade de thriller de ação e espionagem. Como já foi muito dito, o segundo Capitão América é o Bourne dos filmes da Marvel. E logo na primeira cena temos um gostinho disso, quando o protagonista, ao lado de sua equipe de agentes treinados da SHIELD, invadem um navio sequestrado por piratas. A ação é de tirar o fôlego.

Com um elenco maior e mais tempo para o desenvolvimento da trama (são 136 minutos nesta continuação), o novo filme traz a ação da Segunda Guerra Mundial para os tempos atuais e acrescenta toda a relevância e urgência da era da perda da privacidade imposta pela própria bandeira vestida pelo herói. Em um determinado momento, o protagonista Steve Rogers (Chris Evans), o homem fora de seu tempo, questiona os princípios do superior Nick Fury (Samuel L. Jackson) num pequeno debate sobre liberdade e medo. Mas o que acontece quando o próprio Fury é traído pelo que conhecia como certo?

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O segundo Capitão América pega como gancho a trama dos quadrinhos O Soldado Invernal, que fala justamente sobre o surgimento de um implacável e misterioso antagonista, saído do passado do herói. Vilão esse que a maioria dos fãs já deve estar ciente de sua identidade e caso não saibam, eu não serei o portador da notícia. Mas o filme dos irmãos Russo ainda possui tempo para desenvolver mais um pouco da Viúva Negra (Scarlett Johansson) e criar um interessante relacionamento de bate e volta entre ela e o Capitão, cujas personalidades não poderiam ser mais distintas.

Atingindo todos os níveis do inusitado, um dos maiores veteranos do cinema norte-americano ainda em atividade, aceita participar do seu primeiro filme de super-herói. Robert Redford, um dos maiores ídolos do cinema, disse em entrevista ter aceitado fazer um filme destes por ser algo totalmente avesso em sua filmografia. Aqui, o monstro sagrado é Alexander Pierce, graúdo da SHIELD, superior inclusive de Fury, que responde diretamente aos líderes mundiais. O personagem de Redford é também um dos mais intrigantes do novo filme e esconde ele mesmo grandes segredos pessoais.

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Falcão (Anthony Mackie), Sharon Carter (Emily VanCamp), Maria Hill (Cobie Smulders), Brock Rumlow (Frank Grillo), Arnim Zola (Toby Jones) e até mesmo Peggy Carter (Hayley Atwell) dão as caras. Todos com bastante espaço dentro da trama e com relevância para a história. O ritmo acelerado da obra faz sua longa duração passar desapercebida e com que os críticos que já puderam conferi-lo, o elegessem como um dos melhores filmes do estúdio (incluindo o que vos fala). O interessante do personagem é o nível de realismo que pode ser impresso aqui. Tá certo que corpos (e escudos) ainda voam desafiando a gravidade, mas vocês entenderam.

É curioso também a importância e peso que é dado para Capitão América 2, tudo propositalmente calculado pelos realizadores responsáveis por essa estrutura da casa de ideias. As coisas que acontecem no desfecho do filme irão repercutir diretamente em outras obras deste universo, muitas das quais não terão mais volta. Uma ponta ainda fica para um terceiro filme solo do herói, mas nem pensem em sair antes de todos os créditos (os do meio e os finais), ou perderão a ligação direta com Os Vingadores 2 – A Era de Ultron.

Batman terá médica em ‘Batman vs. Superman’

Segundo o Latino Review, Holly Hunter (‘A Firma’) é a nova adição no elenco de  ‘Batman vs. Superman’. Ela viverá Leslie Thompkins, que nos quadrinhos encontra na rua um garotinho chorando ao lado dos corpos de seus pais, que haviam sido assassinados por um marginal.

O menino era Bruce Wayne. Ela cuida dos ferimentos do garoto enquanto ele está sob a tutela de Alfred Pennyworth. Apesar de discordar da vida de Wayne como Batman, a dra. Thompkins continua sendo uma das pouquíssimas pessoas em quem o herói confia. Ela o ajuda com os ferimentos pós-batalha.

Jeremy Irons (‘Dezesseis Luas’) viverá o mordomo Alfred. A atriz israelense Gal Gadot, conhecida por interpretar Gisele em ‘Velozes e Furiosos 4, 5 e 6‘, será a Mulher-Maravilha. Ela concorria ao papel com Olga Kurylenko (‘Oblivion’) e Elodie Yung (‘G.I. Joe: Retaliação’). Jesse Eisenberg (‘A Rede Social’) será Lex Luthor. O elenco contará com a volta dos principais astros de ‘O Homem de Aço’Henry Cavill(Clark Kent), Amy Adams (Lois Lane), Laurence Fishburne (Perry White) e Diane Lane (Martha Kent). Ben Affleck será  Bruce Wayne/Batman.

As filmagens principais de ‘Batman vs. Superman’ terão início em 2014, para um lançamento em 6 de maio de 2016.

O diretor Zack Snyder também retorna. O roteiro será novamente de David S. Goyer, que assinou a trilogia ‘Batman’ e ‘O Homem de Aço’.

Christopher Nolan, que dirigiu os três filmes do Homem-Morcego e produziu o do Superman, assume o cargo de produtor executivo.

 

Sunday Is Coming…

…WINTER IS COMING…

…Em resumo, está chegando a quarta temporada de Game Of Thrones – GoT para os íntimos – uma das séries de maior sucesso da TV. GoT tem qualidades suficientes para ombrear com séries como Breaking Bad ou The Sopranos… Olha, a ideia inicial deste texto era falar de todas essas qualidades: a ótima direção, a engenhosidade de George R. R. Martin em criar uma fantasia para adultos, de como a narrativa pode ser lido como um estudo sobre política, ou o quanto a força gravitacional do Poder molda o caráter das pessoas. Depois, falaria sobre meus personagens prediletos, como Daeneryz Targaryen (Emilia Clarke), Stannis Baratheon (Stephen Dilane) e os insuperáveis Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e Arya Stark (Maisie Williams). Mas, essas coisas não interessam. Quero mesmo é falar da única unanimidade de Westeros: Joffrey Baratheon (Jack Gleeson) é um filho da PUTA!

Sim, podemos discordar sobre os méritos da série, sobre as soluções de roteiro, sobre os homicídios cometidos por R. R. Martin, sobre qual personagem no agrada mais ou sobre quem ficará com o trono de ferro. Não importa! No final, concordaremos, apenas, que todo espectador de GoT já teve a vontade de descer o braço em Joffrey. Ele é um verdadeiro MOTHERFUCKER!

Ele acredita ser o único alfajor do pacote. Mimado, pateta, imbecil, covarde, tão arrogância que é incapaz de perceber seus defeitos. Sádico, idiota, como se dizia antigamente, um moleque pimpão. Ou, sendo mais atual, ele é um coxinha. Um coxinha mimado! “Uê, Uê! Fui contrariado!! Uê, Uê!! Mamãe!!! Uê, Uê, Me dá minha coroa! Snif, snif…” Ora, droga, dá vontade de dar umas boas chineladas e mandar ele calar a boca.

Muitas das qualidades que R. R. Martin imprimiu em GoT podem ser percebidas a partir desse FDP!

Primeiro, R. R. Martin é um grande criador de personagens. Mesmo nos mais coadjuvantes a complexidade é percebida, todos muito verossímeis. Isto não é fácil. Mais difícil ainda, é criar vilões. Mesmo não deixando muito claro a fronteira de bem e mal, GoT tem figuras bem malvadas. Mas, a maioria de seus vilões tem carisma; em algum momento, eles revelam sua face humana. Em toda a arte narrativa, com facilidade encontramos vilões carismáticos. De Shakespeare à novela da Globo, os vilões exercem algum fascínio no público – e construir figuras assim é complicado. Contudo, bem mais difícil, é bolar um vilão complexo e que seja odiado por todo público. A frase a seguir é estranha: ser odiado por todos é a qualidade de Joffrey!

Essa repulsa coletiva é conseguida pela combinação entre maldade em estado bruto e um grande poder colocados no interior de uma personagem extremamente burra, que se considera tão autossuficiente que é incapaz de notar suas limitações. Joffrey é tão mimado que não percebe seus erros. E esse lado mimado é o ponto decisivo para impedir uma identificação do público. Um vilão grandioso, em algum grau, tem noção de seus limites e possui algum traço que o ligará com o público. Joffrey é sádico (gerando consequências nocivas), burro (por não perceber seus erros), mimado (mesmo errando, ele continua se achando o melhor!) e tem o poder. Podemos aturar um colega de trabalho sádico, burro e mimado, mas é mortal um chefe sádico, burro e mimado.

E se GoT é uma narrativa sobre o Poder, Joffrey é a representação de como o poder colocado nas mãos de um maníaco gera consequências desastrosas.

Por fim, o terceiro traço da série que encontramos ao redor de Joffrey é o prazer sádico de R. R. Martin em maltratar seu público. Ele vem matando alguns personagens muito queridos, mas, dar ao público o prazer de ver Joffrey sofrer, não, isso não! Um desses raros instantes foi o tapa na cara de Joffrey dado por Tyrion Lannister, grande momento catártico de GoT.

E enquanto a quarta temporada não começa, vamos rir um pouco mais de Joffrey!

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Noé

Em processo de regressão artística, Aronofsky aborda obsessão em passagem bíblica.

Desde seu longa de estreia, Pi (1998), considero fascinante o trabalho de Darren Aronofsky. Diria que, ao lado de nomes como Paul Thomas AndersonQuentin Tarantino e Spike Jonze, Aronofsky é, sem duvidas, um dos mais brilhantes diretores do cinema norte-americano contemporâneo, que surgiram nos últimos vinte anos. Isso porque avalio quase todas suas obras como seminais, do ponto de vista estético e narrativo, assim como aprecio seu estudo do humano, de vícios e obsessões, engendrados de forma tão intensa. E, quando recebi a notícia que este estaria envolvido numa grande produção hollywoodiana, de gênero bíblico, e que trataria de uma figura icônica, dentro do cenário religioso, como Noé, confesso que encarei o fato como uma espécie de desafio do ofício – não me pergunte por que.

Pois bem, pegando como base o conto da Arca de Noé, Aronofsky, seu já parceiro Ari Handel (argumentista do excepcional Fonte da Vida) e o artista canadense, Niko Henrichon (Os Leões de Bagdá), deram vida a graphic novelNoé: Por Causa da Maldade dos Homens, no intuito de autopromover o projeto, servindo como um storyboard de luxo, pronto para ser posto em tela. O que, obviamente, adveio – ainda que algumas ideias e escolhas tenham sido limadas pelo estúdio, como a conversão 3D, que logo adianto ser desnecessária e até danosa para com a fita, já que distorce alguns planos e fere a fotografia. Contudo, no que se refere à fábula, é curioso ver que o autor fez mesmo sua versão particular. Chegando a ser pop, por inserir enormes criaturas, vilões estereotipados, cheio de falas de efeitos, em meio a batalhas épicas, que em muitas passagens lembram os entraves da Trilogia do Anel, de Peter Jackson.

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Com um primeiro ato extremamente indigesto, em narrativa e conteúdo, por tornar tudo mais tolo do que originalmente é, e falar sobre isso de forma tão esquematizada, ficamos com impressão de estarmos diante de um épico dirigido por Ridley Scott. Coincidentemente, protagonizado por Russel Crowe, que trabalhou em outros títulos semelhantes do próprio Scott, como é o caso do pavoroso Robin Hood (2010). A inércia continua até metade do segundo ato, onde, enfim, Aronofsky resolve acordar e energizar o filme, dando maior carga dramática à trama. Logo depois, ele explora mais a fundo Noé e os demais personagens, fazendo com que tomemos certo interesse por estes – não por apego ou processo de identificação, mas pela curiosidade do que está para acontecer.

Andando mais um pouco, percebemos em Noé uma das características mais marcantes da carreira do diretor: o fato de tanto abordar a obsessão. Foi assim no que já podemos chamar de jovem clássico, Cisne Negro (2010), que mostrava a incansável busca pela perfeição, da personagem Nina Sayers, vivida brilhantemente por Natalie Portman, e, por assim, suas futuras consequências. Já aqui, vemos um sujeito que, movido pela fé, passa por cima de princípios básicos sociais, não só com estranhos, mas familiares. Onde, por exemplo, numa cena de Ila (Emma Watson) e Noé, já pelo fim do terceiro ato, ficamos, de verdade, apreensivos, pois as várias provas da lealdade foram mais que suficientes pra termos certeza de tal devaneio. O que acaba sendo o grande acerto do filme, pois Aronofsky ultrapassa a barreira de ser apenas uma história bíblica, para abordar o limite da fé do homem comum. Até que ponto você seguiria suas crenças e convicções? Será que estamos mesmo entendendo o recado? Em todo caso, fica óbvio, no fim das contas, o viés religioso que pode até soar cínico para alguns, no entanto sua real intenção deve ser mesmo te fazer pensar num lado espiritual.

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Entrando em aspectos mais técnicos, vemos um trabalho de direção pouco inspirador cinematograficamente, na maior parte do longa, o que me deixou incrédulo. A evolução de Darren Aronofsky foi visível em todos os seus filmes, desde uma pegada mais nervosa e alucinada, no início de sua carreira, até um estilo mais clássico e elegante, em seus últimos títulos. Mas aqui nos deparamos com uma ideia burocrática, que caminha em cima de elipses, com trucagens repletas de stop motion, chegando a beirar o burlesco na explicação criacionista da origem do universo. Bem como a trilha sonora de Clint Mansell (Réquiem Para um Sonho) está apenas como um apoio para grandes e tediosas cenas panorâmicas. Passando quase que despercebida. Já a fotografia do sempre excelente Matthew Libatique (Ruby Sparks: A Namorada Perfeita), auxilia bem os satisfatórios efeitos visuais e clima.

É verdade que os acertos são maiores que os erros de Noé, que sua parte final convence e ideia principal é passada como bem pretendia. Tal quanto, também, fica claro que este é o trabalho mais fraco da carreira do cineasta, soando até como uma espécie de regressão, já que vinha ele numa grande crescente. Exigir um pouco mais de alguém que se admira não é prejudicial, pelo contrário, apontar problemas e ver que os pontos positivos são simplórios em nível de comparações tão rasas, faz com que este venha se superar. E por que não voltar as suas origens com o espaço que hoje possui e realizar projetos mais ousados, do ponto de vista artístico? Capacidade, sabemos que tem, falta, então, olhar dentro de si e pesar suas escolhas.

Tudo por Justiça

Saído da Fornalha 

Segundo filme do jovem diretor e roteirista Scott Cooper, Tudo por Justiça é um thriller dramático de vingança simples, mas muito bem explorado. Cooper chamou a atenção do mundo cinéfilo em 2010, quando viu Coração Louco, sua estreia no comando de uma produção, ser indicado para três prêmios no Oscar e levar duas estatuetas (melhor canção e melhor ator para Jeff Bridges). Em seu segundo filme, Cooper continua em território rural, mas em uma trama dilacerante e violenta, para contar a história dos irmãos Russell e Rodney Baze.

O primeiro, vivido por Christian Bale (indicado na categoria de melhor ator no último Oscar), é o honesto e trabalhador primogênito, que pegou para si a responsabilidade pelo irmão. Após um acidente de carro, no entanto, passa anos preso e perde o amor de sua vida, Lena (Zoe Saldana). Rodney, papel de Casey Affleck, é o rebelde. Veterano de guerra que não encontra lugar na sociedade ao voltar para casa, na sua velha cidadezinha, após o conflito. O fato o leva ao terreno ilegal das lutas clandestinas, nas quais é agenciado pelo personagem de Willem Dafoe.

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O problema é que a dupla cruza caminho com o perigoso traficante Harlan DeGroat, mais uma personificação maravilhosa de Woody Harrelson (que recentemente brilhou na série True Detective). O sujeito é o rei do crime nas montanhas, local onde nem mesmo a lei pode tocá-lo. Pela descrição podemos sentir que o filme pega muito emprestado e serve como homenagem ao clássico de Michael Cimino, O Franco Atirador (1978). Na trama do icônico filme de guerra, após passarem o diabo na mão dos vietnamitas em uma prisão, dois homens lidam de forma diferente com o trauma ao voltarem para a América.

O clima montanhês, o ambiente metalúrgico e até mesmo o esporte da caça aos veados marcam presença na homenagem do diretor Cooper. Além, é claro, da extrema violência psicológica e gráfica, trocando apenas o aterrador suspense do jogo de roleta russa, pelo sanguinolento “esporte” das lutas ilegais. Simples em sua narrativa e desenrolar, Tudo por Justiça ganha pontos na força da atuação que os personagens recebem de seus intérpretes. Todos estão com o modo tour de force ligado e se embrenham nas personificações de tal forma que esquecemos a todo instante estar assistindo a um filme e sim a uma fatia da vida.

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Bale tem momentos de fúria, como na cena em que destrói um telefone após descobrir que nada será feito para trazer justiça em relação à morte do irmão. Mas em geral seu personagem é o centro de estabilidade numa situação extrema. As cenas dramáticas ao lado de Zoe Saldana são extremamente melancólicas. A atriz é muito exigida aqui e aparentemente tudo o que faz em suas cenas é chorar. Este deve ter sido um papel exaustivo para a jovem atriz.

Logo na primeira cena, durante uma simples ida ao drive inn, Cooper estabelece a ameaça que será apresentada durante todo o filme. Tudo por Justiça peca apenas em seu terceiro ato, quando opta por um desfecho que o afasta de ser uma obra especial. Mesmo assim, ainda temos muito o que tirar desta produção autoral. E isso inclui a fantástica trilha, composta pela banda Pearl Jam e seu vocalista Eddie Vedder.

Latitudes

Hoje, eu acordei pensando em você. Quem nunca teve uma grande paixão, um grande amor? Em singelos 82 minutos de fita, o novo trabalho do diretor Felipe Braga, Latitudes, fala sobre o amor, sua ilusões e desilusões. Com locações que variam entre Paris, Londres, Veneza, São Paulo, Porto e Istambul, esse longa-metragem tinha tudo para dar errado, principalmente pela forma como a montagem foi feita, mas acaba encontrando seu porto seguro nas convincentes interpretações dos dois únicos artistas em cena, Alice Braga e Daniel de Oliveira.

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Na trama, acompanhamos uma historia de amor pingado entre uma bem sucedida editora de moda chamada Olívia (Alice Braga) que viaja o planeta por conta de sua profissão e do renomado e requisitado fotógrafo José (Daniel de Oliveira). Cada um deles tem suas vidas pessoais as sempre que se encontram o clima de paixão e amor toma conta, tornando-os pessoas extremamente vulneráveis. Essa duas almas, que não estavam nos planos um do outro a cada novo encontro precisam por fim definir essa conturbada e intensa situação romântica.

Com uma edição diferente, às vezes parece um copia e cola sem direção, os diálogos acabam sendo a única forma de comunicação efetiva dos personagens com o público. E a sorte do filme dirigido por Felipe Braga é que esses diálogos são deveras envolventes, fato que traz a atenção do público para tudo que é apresentado na telona. O entrosamento entre os atores em cena é louvável, há uma naturalidade espontânea que nos faz acreditar que estamos vendo o dia a dia de um casal que já conhecemos.

O charme, a rouquidão e o talento de Alice Braga, cada dia mais linda nas telonas dos cinemas, mais uma vez convence o público. Dessa vez, com uma personagem seca, durona que possui um medo de se jogar de corpo e alma a um amor a artista brasileira brilha a todo instante e de uma vez por todas se coloca como uma das melhores atrizes brasileiras no mundo do cinema. Já Daniel de Oliveira se torna um ótimo companheiro de cena com o seu confuso personagem José, um homem que se apaixona perdidamente e muitas vezes se sente perdido dentro desse amor.

Latitudes é um filme que fala a língua do amor. Quem nunca sofreu por antecedência? Quem nunca teve dúvidas sobre um relacionamento? Quem nunca teve medo de arriscar e se jogar num grande amor? Histórias de amor também duram 82 minutos. Viver é se arriscar. Afinal,um dia lindo em Paris é algo imperdível.