terça-feira, setembro 17, 2024
Início Site Página 6691

ferrugem-e-osso_101

Ferrugem e Osso
08.10.2012
Pablo Bazarello

Exibido no Festival de Cannes desse ano (onde concorreu a Palma de Ouro, maior prêmio desse festival), e no de Toronto, “Ferrugem e Osso” chega ao Festival do Rio como um dos filmes mais importantes e prestigiados do evento. Infelizmente, para nós cinéfilos, a obra francesa estrelada pela maior representante do país em Hollywood atualmente, Marion Cotillard, só foi exibida num único dia, numa única sessão, já que as (apenas) outras duas foram canceladas.

Escorregadas da organização a parte (que esse ano sofreu com um grande número de dificuldades e problemas técnicos, em sua maioria devido à transposição de exibições digitais), o filme do diretor Jacques Audiard precisa ser encontrado e visto. Audiard possui certo status atribuído a seu nome recentemente, fato que se deve por ter em seu currículo o excelente “O Profeta”. Escrito e dirigido por ele, esse filme de prisão já foi comparado ao “Poderoso Chefão”, e recebeu a indicação de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2010 (perdendo para o igualmente fantástico filme argentino, “O Segredo dos Seus Olhos”).

Ferrugem e Osso” é um filme forte e igualmente marcante, que poderia muito bem representar a França no Oscar do próximo ano. Isso é, se não fosse um pequeno grande empecilho em seu caminho chamado “Intocáveis”, a maior bilheteria do ano em seu citado país de origem, e o escolhido para uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro. Seja como for, a obra do diretor Audiard é garantida de agradar mais a alguns cinéfilos, do que o agradável e carismático “Intocáveis”. Na trama, co-escrita pelo próprio diretor, um sujeito luta para criar seu filho pequeno. Nos primeiros minutos de projeção já conseguimos ter um senso da grande dificuldade enfrentada pela dupla, que precisa recorrer aos restos deixados por outros passageiros no trem a fim se alimentar. O protagonista Ali (o ótimo belga Matthias Schoenaerts) então decide como última opção fazer uma visita (de tempo indeterminado) para sua irmã mais velha. Sua relação com Anna (a irmã), papel de Corinne Masiero, é perceptivelmente abalada sem que saibamos exatamente o motivo, assim também como nunca fica claro o paradeiro da mãe do menino Sam (Armand Verdure).

Aqui isso não importa, e a obra deixa-nos tirar as conclusões, assim como a maioria dos filmes adultos europeus não mastigam suas informações ao público. Seu foco é na futura relação de Ali, que arruma emprego como segurança de boate, com a problemática Stéphanie, papel de Cotillard, uma treinadora de baleias orcas, numa espécie de Sea World. Os dois se conhecem na tal boate após uma briga, e faíscas contraditórias são soltas logo de início quando as personalidades ingenuamente sincera e egoísta (dele), e traumatizada e danificada (dela) colidem. O que acontece a seguir é um dos pontos-chave da trama, que é mostrado pelo trailer, mas caso não queira saber pule esse parágrafo direto para o último. O que acontece a seguir, é que após um grande acidente envolvendo a criatura marinha, a personagem de Cotillard tem as pernas amputadas e precisa reestruturar toda a sua vida. Ao mesmo tempo, Ali se envolve em lutas undergound ilegais, por dinheiro.

Nem é preciso elogiar a atuação da sempre eficiente Cotillard, que como tido, se não é a melhor atriz francesa da atualidade (ou talvez seja), é sem dúvidas a de maior prestígio, e o maior chamariz para a obra, acima até mesmo do diretor. Cotillard, que já tem a estatueta de melhor atriz da Academia enfeitando sua casa, justamente por um filme feito em sua terra (“Piaf”, 2008), seguiu se consolidando como o nome mais proeminente do cinema francês em Hollywood, atuando em grandes produções, e ao lado de personalidades consagradas, em filmes como “Nine”, “Inimigos Públicos”, “A Origem”, “Contágio”, “Meia Noite em Paris”, e no recente “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”. Isso tudo sem esquecer de suas origens atuando também em projetos como “Até a Eternidade”. A química da dupla protagonista é ótima, tanto que os dois repetem a parceria, e fazem parte do elenco de “Blood Ties”, thriller americano dirigido pelo francês Guillaume Canet, programado para 2013.

Embora dramático e emotivo, “Ferrugem e Osso” nunca chega a marca do massacre de sentimentos. É uma história onde coisas ruins acontecem aos personagens, que como em toda trama de superação, precisam lidar e vencer seus problemas. Mesmo mais inclinado ao drama, a produção guarda diversas cenas cômicas, principalmente as que dizem respeito ao relacionamento inicialmente prático da dupla protagonista. Os holofotes aqui ficam para Schoenaerts (de “A Espiã” e do inédito e elogiado “Bullhead”, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano), que possui uma forte presença nas telas. É uma grande qualidade para um ator se tornar imprevisível em seu personagem, e o belga Schoenaerts desperta igualmente compaixão, sensibilidade, repulsa e certo terror. Nunca sabemos qual desvio seu personagem irá sofrer, e o ator incorpora essa ambiguidade de forma incrivelmente eficiente. O diretor Audiard (um nome para seguirmos de perto agora) consegue criar uma obra crua em seus sentimentos, aplicando em doses uma doçura florescente, cuja guinada final consegue satisfazer os adeptos de ambos desfechos, crus e realísticos, ou satisfatórios e agradáveis.

 

Nota:

 

Crítica por: Pablo Bazarello (Blog)

Burlesque

 

Se você gosta da Christina Aguilera, da Cher ou do gênero musical (ou de tudo isso junto) não pode perder o filme Burlesque.

Dirigido e roteirizado por Steve Antin, este romance musical traz a cantora Christina Aguilera no papel principal (sua estreia no cinema) como a jovem e sonhadora Ali, que larga tudo para ir a Hollywood a procura da fama. Em sua caça à emprego, Ali encontra um bar burlesco no comando de Tess (Cher) onde sexies dançarinas fazem coreografias ousadas ao som de grandes divas como Marilyn Monroe, por exemplo. Ali logo se infiltra no bar, no inicio como garçonete, mas sua grande voz a faz ter destaque do dia pra noite e sua busca por fama fica cada vez mais perto de ser conquistada.

A pergunta que não quer calar: Aguilera se saiu bem como atriz? Bom, se fomos comparar com os fracassos das suas companheiras de profissão (Britney Spears em Crossroads e Mariah Carey em Glitter), eu diria que sim. Por mais que na maioria das cenas ela está cantando e dançando (coisas que ela já tirava de letra), por ser principiante ela está bem à vontade com seu personagem, elenco e tudo em volta. O diretor infelizmente não deu muito espaço para a Aguilera realmente atuar, mas, no que lhe foi proposto, ela tira de letra.

É um filme divertido, com excelentes músicas e danças bem elaboradas e executadas. Melhor que muito musical que já vi (Nine é um exemplo recente, inclusive). Ok que o roteiro não é lá essas coisas. É bem “mais do mesmo”, mas o filme foi produzido com essa ideia. O diretor não queria revolucionar a história do cinema ou algo do tipo, e sim fazer um filme agradável, legal e, de quebra, unir duas gerações de divas: Cher e Aguilera. Precisa de mais?

Kristen Bell, Cam Gigandet, Stanley Tucci, Julianne Hough, Eric Dane e Alan Cumming também fazem parte do elenco.

 

 


Crítica por:
Janis Lyn Almeida Alencar (Blog)

 

 

Budapeste

 

Sinopse: José Costa é um escritor anônimo que viaja para Budapeste. Ele sente um amor incondicional pela cidade e envolve-se cada vez mais com seu idioma.

O primeiro ponto de atração que Budapeste criará com o público será o fato de ser baseado no comentado romance de Chico Buarque – referências a sua obra podem ser vistas no trailer. As mulheres se interessarão pelos escritos do homem que mais próximo chegou de entender o sexo frágil, é o que dizem. Já os homens podem se contentar com tórridas cenas sensuais com belas curvas femininas expostas na tela.

Tais cenas podem ser colocadas no rol dos bons momentos desse filme irregular. A todo momento o espectador se sentirá em um vai-e-vem de admiração: quando está quase no ponto de perder-se totalmente o interesse pela fita, chega uma imagem impactante ou criativa que faz com que a relação público-filme volte a se aproximar. Por essa razão, é necessário uma boa dose de cautela ao indicar o longa. Um bom tanto de pessoas aplaudirá ao final da projeção, mas outra leva terá impressões finais negativas.

Para quem gosta de pontos turísticos, Budapeste é um convite para viagem. Enquanto a questão da autoria é discutida pelos dilemas de José Costa, as belas paisagens europeias são apresentadas com um olhar quase de endeusamento da cidade. Dessa forma, a Budapeste utópica do filme torna-se a Pasárgada do protagonista.

Colabora para o embelezamento da experiência do escritor anônimo a bela fotografia em tons dourados de Lula Carvalho (Feliz Natal). Budapeste é dirigida por Walter Carvalho, mais conhecido no meio por seus trabalhos como diretor de fotografia (Chega de Saudade), por isso a expectativa visual dessa produção era grande. Nessa caso temos uma rara oportunidade em que expectativas elevadas são plenamente satisfeitas.

 
Crítica por: Edu FernandesSite: www.homemnerd.com.br

 

 

A Bruxinha e o Dragão

 

 


Misturando personagens reais com personagens feito em animação, a Europa Filmes lança nos cinemas nacionais o longa-metragem de aventura “A Bruxinha e o Dragão” (Hexe Lilli: Der Drache und das Magische Buch/ Lilly the Witch: The Dragon and the Magic Book), co-produção Disney na Alemanha, Itália e Áustria.

Voltado exclusivamente para o público infantil e para os admiradores de longas de fantasia, “A Bruxinha e o Dragão” pega carona nos sucessos de “Harry Potter” e “Sabrina, a Bruxa Adolescente” e traz para as telonas a história de uma bruxinha chamada Lilli e um dragão feito totalmente em computação gráfica, animação 3D.

O premiado diretor Stefan Ruzowitzky (Os Falsários), Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008, surpreende mudando seu foco e partindo para seu primeiro longa voltado para o público infanto-juvenil.

Com uma história simples e repleta de efeitos especiais, conhecemos Lilli (Alina Freund), uma garotinha bonitinha, inteligente e animada, como qualquer outra, mas que tem sua vida alterada, quando o Hector, um divertido dragãozinho verde, aparece em sua casa com o propósito de treiná-la para ser a nova guardiã do livro dos feitiços.

Isso acontece, pois a bruxa boa Surulunda (Pilar Bardem) está velha demais e não poderá mais proteger o livro das garras do malvado mago Hieronymus (Ingo Naujoks), que fará de tudo para colocar suas mãos no livro e conseguir realizar seu sonho de construir uma máquina para dominar o mundo.

Claro que esse tipo de roteiro você já deve ter visto em diversos outros filmes de fantasia, mas a criançada que conferir o filme poderá se divertir com uma história que prega o poder da amizade, como tema principal.

Uma coisa que vale destacar é a dublagem nacional, que deixa o filme mais leve e faz com que ele consiga fluir melhor, pois as vozes já conhecidas acabam preendendo a atenção do público e causando uma sessão de nostalgia, para os que prestam a atenção nos trabalhos dos dubladores.

Vale lembrar, que mesmo não vindo com a marca Walt Disney no Brasil, quem assistir ao longa e foi criança na década de 70, com certeza vai se lembrar de outra produção na qual o estúdio trazia um dragão feito em animação tradicional como melhor amigo de um garoto (personagem real), isso mesmo, por diversos momentos, acabei relembrando do ótimo “Meu Amigo, o Dragão” (lançado recentemente em DVD), que mesmo com um roteiro completamente diferente de “A Bruxinha e o Dragão”, poderá gerar comparações entre os dragões animados.

Baseada na personagem dos livros de Knister, “A Bruxinha e o Dragão” (Hexe Lilli: Der Drache und das Magische Buch/ Lilly the Witch: The Dragon and the Magic Book) apresenta belos cenários e uma animação acima da média para o dragão Hector. Mesmo com o fraco roteiro e com alguns momentos cansativos no filme, sem duvida nenhuma é um sessão da tarde que agradará a garotada.

 


Crítica por:
Léo Francisco (PlanetaDisney)

 

 

A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras

 

 

Só pra comparar: o primeiro não tinha NENHUM susto mas conseguia dar medo. O segundo não dá nem susto e não dá medo nem numa criancinha de 3 anos. Roteiro batido, lotaaaaaaado de clichês, reviravoltas previsíveis e atuações sofríveis. Ainda bem que fracassou nos EUA. Merecia. A Bruxa de Blair 2 é um filme bobo, sem nenhum nexo. O diretor quis fazer algo tão original quanto o primeiro e se deu mal. O excesso de estilo (ou a a falta dele) acabaram com o filme. Se bem que o roteiro também é uma porcaria…

Se você estiver indeciso entre um dos dois filmes, não tenha dúvida: FIQUE COM O PRIMEIRO !! O segundo só foi feito pra ganhar dinheiro em cima.


Crítica por:
Diego Sapia Maia

 

 

A Bruxa de Blair

 

 

Assustador é pouco pra definir esse filme semi-independente que ganhou os cinemas do mundo todo em poucas semanas. Acompanhamos Heather, Josh e Mike durante as filmagens na floresta e compartilhamos cada gota de suor frio escorrendo pela testa, cada grito de pavor e desespero dos personagens. O clima de tensão e suspense criado é tão grande que chega a deixar os espectadores sufocados. A direção (em clima de vídeo amador) colabora pra essa sensação.

E tudo culmina naquele final (sem dúvida o ponto alto do filme), de deixar intrigado até o mais cético espectador. Tanto é, que a cena final foi indicada como Melhor Cena de Ação no MTV Movie Awards 2000.

Blefe ? Farsa ? Mentira ? Não… A Bruxa de Blair é “apenas” um filme de terror genial com uma campanha de marketing idem (e simples também, cujo único meio de propagação foi a Internet).

É um filme único, onde o medo impera 

 

Crítica por: Diego Sapia Maia

 

 

Brüno

 

Previsível mas interessante. Brüno, novo longa metragem do ácido Sacha Baron Cohen chegou aos cinemas do Brasil recentemente. Mesmo repleto de cortes, a versão exibida em nosso país é amplamente corrosiva, assim como o humor do protagonista, roteirista e diretor. Satirizando o mundo das celebridades, Sacha Baron Cohen abusa da escatologia, piadas infames e ancora nos estereótipos para fazer rir: por vezes a produção funciona, mas em alguns momentos nos faz sentir como verdadeiros idiotas diante da tela. Funcional em sua primeira metade (hilariante) e descontrolado em seu segundo momento: Bruno é uma das produções mais equivocadas dos últimos meses.

Sacha Baron Cohen apresenta aos cinéfilos o novo personagem de sua série premiada: um fashionista gay que é o apresentador do programa noturno de moda de maior audiência em todos os países de fala germânica… excetuando-se a Alemanha. A missão de Bruno? Tornar-se a maior celebridade austríaca desde Hitler. A sua estratégia? Cruzar o planeta na esperança de encontrar a fama e o amor.

Percebe-se as dificuldades que o ator britânico encontrou para atacar as suas vítimas dessa vez. Se em Borat (2007), o interessante da trama era apresentar as vítimas em entrevistas genuínas, em Bruno a situação se torna amplamente artificial: na cena em Paula Abdul esta discursando sobre questões da humanidade, ela esta sentada num mexicano, trazendo a tona uma ironia artificial. Seria esse o artifício de todo o filme? Provavelmente não iremos saber, e a produção, focada na baixaria ao nível máximo também não nos deixa claro.

As ditas vítimas da saga de Sacha não são poucos: piadas ácidas com Britney Spears, o casal Brangelina (Angelina Jolie + Brad Pitt), Madonna, Gisele Büdchen, o seriado Sex and the City e muitas gozações ao mundo homossexual estão estampadas no filme. Infelizmente nem toda a platéia consegue filtrar a parte boa e separar a parte ruim do filme. Em sua primeira metade, temos uma critica coerente ao mundo fútil das celebridades. O problema de Bruno é a sua segunda metade, que perde totalmente o rumo, apelando ao riso barato: órgãos sexuais, vômitos, fezes, piadas grosseiras sobre sexo e estereótipos gays.

Mesmo que o resultado não seja satisfatório, Bruno pelo menos nos serve para mostrar o talento excepcional (e a coragem) do ator Sacha Baron Cohen. Em poucos 88 minutos de projeção, somos forçados a codificar uma enorme onda de piadas políticas também, aquelas que em 2007 tornaram Borat um sucesso de critica e bilheteria.

 


Crítica por:
Leonardo Campos

 

 

A Viagem

 

A Viagem” é sem dúvidas um dos filmes mais pretensiosos de 2012. Lançada no final de Outubro nos EUA, essa obra produzida e dirigida pelos irmãos Wachowski Tom Tykwer chega nesse fim de semana no Brasil com um dos maiores hypes gerados em um filme no ano passado, isto é, até o filme finalmente ser exibido lá fora, e as críticas desfavoráveis surgirem aos montes.
O que acontece aqui é que os diretores e produtores da obra, os irmãos Wachowski (agora Andy e Lana – não mais Larry) são os responsáveis pelo sucesso megalomaníaco conhecido como a trilogia “Matrix”, que parou o mundo no final da década de 1990 até meados da década de 2000. Com apenas o ótimo “Ligadas Pelo Desejo” no currículo antes da mania Matrix, os Wachowski pareciam determinados a provar que não eram fogo de palha, e daí assinaram projetos como “V de Vingança”, “Speed Racer” e “Ninja Assassino”, na direção e produção. Nenhum atingiu o esperado.

Com o alemão Tom Tykwer algo parecido aconteceu, e nenhum de seus filmes seguintes atingiram o status de sua primeira obra, o cult “Corra, Lola, Corra”. A união de mentes tão criativas parecia não ter como errar. Aqui, temos sem dúvidas uma ideia de alto conceito para uma produção cinematográfica, e os audaciosos cineastas ganham pontos por tentar. O que foi planejado para “A Viagem” é o seguinte: variadas histórias de inúmeros personagens através de diversas linhas temporais, mas que de uma forma ou de outra estão conectadas por outras vidas. A mensagem é estamos todos conectados com o universo. Parece clichê e piegas? Não se preocupe, é muito pior. A pseudo-filosofia rasa de boteco não incomodaria tanto caso o filme fizesse por onde, ou seja, se alguma coisa mostrada na tela fizesse algum sentido. Todos já conhecíamos a estrutura fragmentada da narrativa por sua sinopse e seu trailer, então não é surpresa para ninguém o fato de que “A Viagem” são seis pequenos filmes intercalados.

O problema é que a maioria dessas histórias não é minimamente interessante, e seus personagens são tão mal desenvolvidos que simplesmente não nos importamos com eles. Outro ponto negativo e irritante é que nenhuma história dura mais do que cinco minutos seguidos, e o que temos são cortes e transferências consecutivas de tramas. Nada é novo ou urgente aqui, e ficamos nos perguntando se alguma dessas subtramas realmente funcionaria como um todo num filme. Temos o trecho com Halle Berry nos anos 70, Ben Whishaw (o novo Q de 007) como um aspirante a compositor, Jim Sturgess como um recém abolicionista, e Jim Broadbent como um sujeito aprisionado numa espécie de asilo, que são todas histórias simplesmente mornas demais, sem nada que as impulsione verdadeiramente. Mas sem dúvidas o ponto baixo é a história futurística passada numa floresta com Tom Hanks como o líder de uma tribo, e Halle Berry como uma espécie de alienígena, eu acho. Essa é simplesmente ridícula e deixaria envergonhado o mais fraco episódio de Star Trek.

A maquiagem usada por todos os atores, para distingui-los de uma história para a outra (cada um dos atores famosos interpreta inúmeros personagens), é péssima, e em muitas cenas causam vergonha. Não estamos vendo uma pessoa ali, e sim algum tipo de mutante. É ofensivo, de péssimo gosto, e sem sentido tentar transformar atores em pessoas de outra raça, ainda mais porque não possuem o que é preciso para realizar tal façanha ainda (a maquiagem, principalmente nesse filme, ainda não chegou lá satisfatoriamente). O resultado é algo simplesmente bizarro. Tom Hanks em todas as suas maquiagens fica parecendo algo saído de um desenho animado do Pica-pau. Por falar em Hanks, se achávamos que o ator tinha atingido o ponto baixo de sua carreira com “Matadores de Velhinha” dos irmãos Coen, ainda não tínhamos visto nada. Aqui o ator paga o mico de sua carreira. Algumas cenas são apenas desconfortáveis, outras causam risos involuntários.

O resultado é que “A Viagem” fica parecendo apenas uma brincadeira para que possamos distinguir tal ator debaixo de tanta maquiagem, e sem dúvidas o público terá algumas surpresas quando subirem os créditos. A melhor coisa do filme é a gracinha sul-coreana Doona Bae (de “O Hospedeiro” e “Mr. Vingança”), e sua trama de um futuro totalitário é a única com uma faísca de originalidade e criatividade.

 

Crítica por: Pablo Bazarello (Blog)

 

 

O Aviador

 

 
Geralmente o Oscar serve para premiar aqueles filmes chatos, sem graça, com histórias loucas e decepcionantes e roteiros que tentam reinventar o cinema. Tá, peguei pesado, mas é muito díficil um filme realmente bom ter indicações ao Oscar (quer um exemplo? Cadê ‘Kill Bill’ e ‘A Paixão de Cristo’ nas indicações??).

Ano passado, quem levou uma grande bolada foi o ótimo ‘Senhor dos Anéis – Retorno do Rei’, e este ano quem rouba a premiação é ótimo ‘O Aviador’, mostrando que a acadêmia está revendo os conceitos e levando filmes realmente inteligentes em conta.

Com 11 indicações, ‘O Aviador’ se demonstrou um sucesso de público e crítica.

Nesta segunda dobradinha entre Leonardo diCaprio e Martin Scorsese (eles já trabalharam juntos no mediano ‘Gangues de Nova York), a história segue a trajetória real de Howard Hughes .

Dirigido por Martin Scorsese (que acertou em cheio), estrelado por diCaprio (em uma de suas melhores interpretações) e escrito por John Logan, o filme relata a história de uma das figuras mais marcantes da América do Século XX, Howard Hughes (Leonardo DiCaprio), um excêntrico multimilionário dos anos 30. Apaixonado por aviões e cinema, a sua grande paixão por mulheres ficou igualmente para a história. O filme retrata a sua vida em uma época em que Hughes era produtor e diretor em Hollywood, desenhava e criava aviões e relacionava-se com algumas das mais belas e elegantes mulheres da sua época, entre as quais duas lendas de Hollywood, a elegante Katharine Hepburn (Cate Blanchett), e a sensual e luminosa Ava Gardner (Kate Beckinsale). Mas Hughes também tinha as suas próprias incapacidades e fobias, e as suas crescentes extravagâncias e obsessivo comportamento vão levá-lo ao seu próprio isolamento. Audacioso piloto, o mais famoso desde Charles Lindbergh, Hughes tornou-se comandante da aviação comercial. Ele transformou-se numa figura mítica da América dos seus dias, envolto numa aura de agitação, encanto, sedução e mistério.

Com ótimas atuações, um elenco estelar, cenas magestosas e uma história interessante, ‘O Aviador’ é um filme a ser aplaudido e aclamado.


Crítica por:
Renato Marafon
Site Oficial : —

 

 

As Aventuras de Tintim

 

Tintim é um personagem que veio dos quadrinhos de jornais e posteriormente ganhou vida em uma série animada. Ele, um jovem repórter investigativo, já desvendou vários mistérios e ajudou a polícia a prender muitos foras da lei, sempre ao lado de seu cachorrinho Milu, que o segue para todos os lados.

Na animação para os cinemas, dirigida por Steven Spielberg, As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin) traz uma história cheia de mistérios e aventuras, onde o jovem é envolvido num segredo que pode levar a um tesouro perdido do velho Licorne, um navio que afundou após um ataque pirata.

A animação ficou perfeita, onde muitas vezes você pode até confundir o desenho com uma pessoa de verdade. Os detalhes são impecáveis, a paisagem então, nem se fala, faz você viajar junto aos lugares visitados pelos personagens.

Tintim descobre que a réplica de um navio que comprou em uma feira de antiguidades guardava um segredo. Ao ser roubado, passa a investigar quem estaria por trás de todo o mistério, e o porquê do interesse pelo navio. É aí que conhece o capitão Haddock, um velho lobo do mar que hoje está em decadência e afoga suas mágoas na bebida.

Haddock é o típico personagem engraçado, mas às vezes nos deixa apreensivo com suas atrapalhadas. Ele é descendente de Francis Haddock, o capitão do Licorne que foi atacado por Rackham, o Terrível.

Enquanto vão atrás do vilão Ivan Sakharin, que tenta a todo custo resgatar os mistérios do navio naufragado, Tintim, Milu e Haddock passam por uma aventura digna de “Indiana Jones”. Não tem como não comparar ao ver as cenas de pulo de telhado, voos acrobáticos, manobras mirabolantes. Para mim, mais pareceu um filho do Indiana que um repórter investigativo.

Apesar dos exageros, As Aventuras de Tintim é uma animação agradável para adultos, que fica mais empolgante se vista na versão 3D, onde a tecnologia digital usada foi a de captura de movimentos.

O encerramento fica meio que sem desfecho, já que o filme será uma saga e isso fica bem claro quando chega ao final da película. A próxima animação será dirigida por Peter Jackson.

 


Crítica por:
Silvia Freitas (Blog)

 

 

As Aventuras de Tintim

 

Existe uma teoria na animação que defende que é necessário explorar possibilidades que esse suporte oferece que seriam impossíveis (ou quase isso) de se realizar em live action. Dessa maneira, o uso da linguagem é válido. O diretor Steven Spielberg (Cavalo de Guerra), em sua estreia no mundo da animação, segue fielmente esse postulado com As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin).
O enredo acompanha o jornalista Tintim (Jamie Bell, de Um Ato de Liberdade), que precisa encontrar mensagens cifradas escondidas em miniaturas de navios. Os versos ocultos o ajudarão a desvendar um mistério que lhe renderá uma matéria jornalística.

No meio dessa aventura, os personagens se veem no meio de uma perseguição de carro e moto pelas ruas de uma cidade árabe. Essa sequência é apresentada na tela como uma plano-sequência (sem cortes), com a câmera se movendo como se fosse mais um veículo na perseguição. Com a escolha de enquadramento e movimentação, Spielberg constrói o momento mais empolgante do filme.

Tintim chega aos cinemas como uma animação sob a justificativa de respeitar o visual criado por Hergé, quadrinista que contou as histórias do personagem em tiras de jornal. No entanto, se fosse realizado com atores de carne e osso, a sequência só seria viável dessa maneira com o uso de truques e da inserção de elementos de computação gráfica. Algo semelhante, mas com muito menos complexidade, pode ser apreciado no filme argentino O Segredo dos Seus Olhos.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (CineDude)

 

 

As Aventuras de Tintim

 

Sou um fã incondicional de Tintim desde a minha infância, quando acompanhava os desenhos que eram exibidos ao ocaso, na TV Cultura.

Quando soube que as aventuras do repórter seriam transportadas para o cinema pelas mentes e mãos da dupla Steven Spielberg e Peter Jackson, minha excitação foi às alturas.

Porém, fiquei com um pé atrás ao acompanhar o notável declínio do diretor de clássicos como Tubarão e E.T. – O Extraterrestre ao vê-lo envolvendo-se em projetos de gosto discutível tais quais as séries Falling Skies e Terra Nova. E com a chegada de Cavalo de Guerra, outra produção recente de Spielberg, temi pela sobrevivência de Tintim longe da telinha. Porém, meus receios não se concretizaram, felizmente. ‘As Aventuras de Tintim‘ é o que há de melhor nos contos de Hergé somado à habilidade de Spielberg como não se via há anos.

No filme, conhecemos o jovem repórter e seu simpático e esperto cachorro Milu. Juntos, os dois embarcam em uma sombria investigação que logo se desenvolve para um excitante jogo de gato-e-rato ao redor do mundo, logo que Tintim adquire uma réplica de um navio numa feira. Auxiliados pelo Capitão Haddock, e os detetives Dupont e Dupond, a dupla mergulha cada vez mais fundo nos mistérios que cercam o passado de Haddock e o navio Licorne.

Dotado do mesmo espírito que a série animada possuía, ‘As Aventuras de Tintim‘ já revela suas pretensões nos créditos iniciais, nos levando ao passado através de uma máquina de datilografia e recriando desenhos que remontam o personagem apenas em sombras. Dali já era possível depreender que Jackson e Spielberg nos brindariam com uma aventura nos moldes antigos, sem a necessidade da barulheira e ritmo desenfreados das produções de hoje em dia. Não que à obra falte ação, muito pelo contrário. É intensa e frenética do início ao fim, mas sem jamais precisar do caos que se instaurou nos filmes de ação atuais. Portanto, mesmo não permitindo que seu espectador respire, o filme consegue ser elegante em cada quadro. E muito disso se deve à liberdade com a câmera, já que estamos falando de um projeto digital.

Através de sua potente imaginação e sem o peso de um maquinário nas mãos o tempo todo, o diretor usa e abusa de movimentos de câmera que não só ligam um ponto a outro do filme com extrema criatividade, como nos conduzem a passeios jamais imaginados em uma construção live-action. Nosso campo de visão ora é levado para as lentes de um binóculo, ora para um travelling por entre as barras de uma cela, bem como ultrapassa vidraças e encaixa-se debaixo de armários. As transições são um personagem à parte da película, já que são capazez de ligar um bote perdido no oceano a uma poça d’água numa calçada, ou mesmo usar de objetos de cena, como uma cimitarra, para nos transportar ao passado, enquanto jurávamos ainda enxergar o presente.

E em se tratando de personagens, a Weta Digital revela mais uma vez seu poder e de seu criador, Peter Jackson, ao pôr em tela personas que conseguem ser cartunescas e, ao mesmo tempo, dotadas de extremo realismo. É sem medo que Spielberg aproxima a câmera dos rostos de suas criações digitais, já que podemos ver singulares detalhes como rugas, cicatrizes ou mesmo os fios de cabelo embaraçando-se ao vento. E muito se deve, evidentemente, às interpretações de Jamie Bell na pele de Tintim, e de Andy Serkis como Haddock, sempre eficiente e à vontade na técnica da captura de movimentos. Destaque também para Daniel Craig como o vilão Sakharine e dos atores Simon Pegg e Nick Frost, que conferem o timing cômico e a leveza necessária à dupla Dupont e Dupond.

Apesar do tom cartunesco já citado, é impressionante o realismo da animação, característica essa que apelidei de “realismo fantástico”, numa óbvia contradição. Desde os vincos das roupas até detalhes dos cenários, como as roldanas, correntes e ferrugem de uma embarcação onde parte da ação ocorre, jamais duvidamos da veracidade da trama, tão profunda e eficaz é a imersão proporcionada por Jackson e sua equipe. Em um plano aberto, já perto do terceiro ato, verificamos o navio de Sakharine ancorado em um porto, e se uma fotografia fosse tirada naquele momento e mostrada às pessoas do mundo real, certamente muitos se convenceriam que o cenário visto existia em alguma parte do globo, pois cada cena parece ter sido planejada nos mínimos detalhes.

Créditos também para a trilha sonora de John Williams, que dá o tom correto à aventura e acompanha o retorno à boa fase de seu maestro-mor, Spielberg. As composições se encaixam perfeitamente aos momentos mais sombrios da trama, bem como àqueles que necessitam de vibração nas perseguições sem fim. E não há como deixar de lado o roteiro de Edgar Wright, Joe Cornish e do gênio Steven Moffat – o cérebro por trás de criações como as temporadas mais recentes de Doctor Who e a impecável minissérie Sherlock, que põe no chão as adaptações cinematográficas de Guy Ritchie. Graças ao trio, Hergé pode permanecer em seu tranqüilo descanso.

As Aventuras de Tintim‘ não só irá despertar as crianças (hoje crescidas) que se esbaldavam nas peripécias do repórter, como, certamente, atrairá um novo público para a obra, tamanho o cuidado com que Jackson e Spielberg construíram a fita, envolvendo pelas cenas de ação, bom humor e mesmo a maneira adulta com a qual a trama é tratada, sem desmerecer a inteligência do espectador. Como grande filme que é, arrisco a dizer até que o capitão Haddock desbancou facilmente um tal de Jack Sparrow do posto de mais adorado capitão dos cinemas, não só pelo fato de que este vinha em um vergonhoso declínio, como aquele é tudo aquilo que Sparrow foi, mas sem os excessos.

 


Crítica por:
Caio Viana (Blog)

 

 

As Aventuras de Sammy

 

 


Sinopse:
Sammy é uma tartaruga marinha de 50 anos de idade. Ele narra sua jornada desde que saiu do ovo e a influência da presença humana na vida marinha.

As Aventuras de Sammy (Sammy’s avonturen: De geheime doorgang) é um exemplo das raras animações europeias que chegam ao circuito de cinema nacional. O filme não foi produzido pelos grandes estúdios que anualmente enchem as salas de cinema com animações divertidas. Trata-se de uma produção belga praticamente independente.

O tema principal do filme é a preocupação com o meio-ambiente, principalmente nas questões do aquecimento global e da poluição marinha. Tais indícios costumam apontar para uma produção chata e mal feita, mas felizmente o que se tem é exatamente o contrário.

O fio condutor do enredo é a vida de uma tartaruga marinha e o roteiro consegue colocar todos seus temas na história sem forçar a barra. As lutas de ambientalistas contra caçadores de baleia, os vazamentos de petróleo, o deslocamento desordenado dos animais por causa das alterações de temperatura. Todos os assuntos conseguem se encaixar na jornada de Sammy de forma orgânica.

É possível assistir a As Aventuras de Sammy em projeções 3D e é altamente recomendável que se aproveite a oportunidade. Estamos em um momento em que toda e qualquer grande produção faz uma conversão meia-boca para esse tipo de tecnologia apenas para arrancar alguns trocados a mais. Quando se tem uma opção de bom uso desse recurso, é preciso indicá-lo. Os efeitos tridimensionais ajudam o espectador a se sentir no fundo do mar junto com os personagens.


Crítica por:
Edu Fernandes (CineDude)

 

 

As Aventuras de Sammy

 

 


As aventuras de Sammy é uma animação belga, e, como o nome já diz: aventura. Agregando o drama e romance nos seus subgêneros. O filme é narrado pelo próprio Sammy, em tom saudosista, contando sua jornada pelo mundo e tendo A Volta ao Mundo em 80 dias como referência. Amizade, amor, vida, medo e meio ambiente são alguns dos temas abordados na história.

A tartaruga Sammy ganha a empatia do público à partir do momento de seu nascimento, quando mostra suas inseguranças e uma dúvida cruel, que massacra a todos os mortais: ele simplesmente não sabe o que fazer. E é o que acontece quando se atinge um estágio na vida de escolhas, quando não se sabe pra onde ir ou tem dúvidas se a escolha é a certa. E neste momento difícil na vida de Sammy, ele é deixado para trás pelos demais ficando sozinho e com medo; pois não sabe o que vai acontecer. É quando conhece Ray, uma tartaruga de espécie diferente da dele, mas que se torna seu companheiro de vida; lhe apresentando as maravilhas da vida marinha.

Mas uma tartaruga não lhe sai da cabeça, Shelly (no original dublada por Isabelle Furhman, de A Órfã), jovem que conheceu no dia de seu nascimento. A saga das tartarugas exploram bem as imagens que imprimem na tela os seres e vegetação marinhas. A tecnologia 3D não poderia ter sido melhor usada. Todos seus recursos transpõem os diferentes aspectos e imagens da vida marinha. Cenas com tartarugas no o furô são impagáveis, assim como a água viva iluminando os dois pequenos. Tubarões, cobras e piranhas atacam os espectadores; graças ao 3D. A criação do fundo do mar possibilitou a visualização de uma vida com grandes surpresas e perigos. O longa não deixa de fazer sua crítica à demasiada poluição e intromissão dos homens na natureza; mostrando como os seres vêem e entendem os acontecimentos; com a poluição dos mares.

As Aventuras de Sammy comprova a nova tendência das animações, de se colocarem na posição dos criadores de opinão e de fomentarem o questionamento nas crianças à partir de tramas maduras e que colocam na tela personagens humanizados. E mesmo com elementos dramáticos, é um filme engraçado e divertido.

 


Crítica por:
Thais Nepomuceno (Blog)

 

 

Avatar: Edição Especial

 

 


Avatar” de James Cameron retorna às salas de cinema em uma edição especial. Contendo oito minutos a mais. Porém, o acréscimo destes minutos passam desapercebidos, pois Cameron apenas alongou as cenas, e não incluiu novas.

Mas a oportunidade de rever Avatar, pode atentar os espectadores à algumas questões, a mais importante delas é o meio ambiente. A modernização que acarreta a poluição do ar, dos mares e os desmatamentos. Não pretendo criar muitos analogismos, mas podemos traçar um paralelo entre a trama Na’vi e a colonização do Brasil. Os espectadores devem recordar da Tia Josefina explicando como Cabral chegou ao Brasil “acidentalmente” e como encontrou os índios. Pegando deles o ouro e pau-brasil. O que acontece em Avatar é similar, os americanos querem um minério que vale bilhões e se encontra no subsolo de uma árvore onde vivem os habitantes de Pandora. Para ter tal mineral eles precisam despejar os azuizinhos do local, mas isso não será uma tarefa fácil, pois a conexão deles com a natureza é muito mais forte do que qualquer bilhões de dólares. Diferindo dos nossos índios que cederam facilmente às investidas dos portugueses.

Outro aspecto é o interesse nas riquezas naturais e o que eles são capazes de fazer para tê-los; daí surge outro analogismo, ao petróleo. A briga por ele gera guerras intermináveis. O que pode ser comparado ao poderio bélico e ao desejo do poder, essas características estão impressas nas personagens americanas, sendo contrapostas aos Na’vi, que nada pode comprá-los.

Indo em direção à isso, há o romance entre Jake e Neyriti, recordando o romance entre Jack e Rose em “Titanic”, ou entre Capitão Smith e Pocahontas – ao contrário de Pocahontas, Neyriti não faz abdicações. A bela ensina ao fuzileiro como ser Na’vi e lhe mostra os segredos de Pandora. Jake tem uma vida sem sentido, e além do mais é cadeirante; o rapaz troca o real pelo sonho. Opta por um mundo que não é seu, porque ali é feliz.

Fora essas ladainhas romanticas, o filme ainda conta com um super 3D. Sim, este filme só deve ser visto em 3D. Se não fosse a tecnologia do longa, ele seria mais um filmezinho. E os tais oito minutos a mais não fazem a menor diferença. O espectador nem sente o adicional, relançar este filme foi um subterfúgio para ganhar mais dinheiro.

 


Crítica por:
Thais Nepomuceno (Blog)

 

 

Avatar

 

O filme ‘Avatar‘ é, sem dúvidas, um dos mais esperados do ano. E por vários motivos: a volta de James Cameron (Titanic), os efeitos especiais que são propagados como “uma experiência única” e muito aquém do que um simples 3D, o orçamento exorbitante que chegou a quase 500 milhões de dólares e o tempo de demora na produção (quatro anos).

A história do filme se passa em 2154 aonde existe uma colônia chamada Pandora, habitada pelos Na’ vi, nativos azuis alienígenas. Devido o local ser rico em mineral, vários humanos já tentaram invadir o ambiente deles, mas para chegar perto é preciso criar um elo de confiança com a raça, o que ninguém nunca havia conseguido. Tudo muda com a chegada do ex-fuzileiro Jake Sully, que recebe a tarefa de se infiltrar em Pandora através de sua forma ‘Avatar‘ (corpo geneticamente mudado feito com seu DNA e dos nativos), pois esta era a missão de seu irmão gêmeo, que faleceu. Mesmo sem saber quase nada sobre a cultura dos Na’vi, e mesmo estando em cadeira de rodas, aceita este desafio.

Há meses, quando vi a prévia de 15 minutos junto a outros jornalistas, já tinha gostado do que tinha visto. E ontem, quando vi o longa, com mais de 2 horas de meia de duração no IMAX, vi que a prévia não era uma propaganda falsa.

Avatar‘, literalmente, nos leva a outro mundo e a tecnologia do IMAX é capaz de causar vertigem nos que não estão acostumados. James Cameron (que também produziu e roteirizou) fez um trabalho visualmente perfeito e criativo. Não o suficiente pra ganhar o Oscar de Melhor Filme, mas nas categorias técnicas e de direção, sem dúvidas.

O ator Sam Worthington (do último O Exterminador do Futuro) interpreta Jake Sully e fez um trabalho competente. É possível acreditar de verdade que ele é paraplégico. Zöe Saldana (Star Trek) só aparece em sua forma ‘Avatar‘ (faz o papel da nativa Neytiri) e está muito bem também, principalmente quando fala no dialeto deles. Sigourney Weaver é a cientista Grace e é a que mais ficou parecida em ‘Avatar‘. O grande vilão do filme é o Coronel Miles, feito pelo ator Stephen Lang (Inimigos Públicos), que consegue te fazer sentir muito ódio com sua frieza e más intenções.

Avatar‘ é um filme bom, sim. Não o melhor do ano ou a melhor obra-prima já feita. A história prende a atenção e por mais que seja longo demais, o ritmo do filme não para nunca. Permite a quem assiste criar um “elo” (sem trocadilhos) com o filme que te prende até o êxtase final.

Já se fala em sequências… vamos ver, né? Dificilmente um sucesso se repete duas vezes. No caso do diretor, três vezes – já estourou em Titanic e vai estourar em ‘Avatar‘.

 


Crítica por:
Janis Lyn Almeida Alencar (Blog)

 

 

Avatar

 

 
James Cameron é o responsável por um dos melhores filmes da década de 1980, ‘O Exterminador do Futuro‘. Mas, infelizmente, ele hoje é mais lembrado como o diretor do arrasa-quarteirão ‘Titanic‘. ‘Avatar’, seu novo longa que chega nesta sexta aos cinemas com a promessa de estraçalhar nas bilheterias do mundo inteiro, é um projeto antigo, e que termina com um hiato de 12 anos na carreira do cineasta.

Minhas impressões sobre o filme são de quem assistiu em 3D e no Imax. Isso significa que pude apreciar o espetáculo visual que é a grnade atração do filme. Megalomaníaco, Cameron não mediu esforços para mostrar um filme grandioso, de colorido milimetricamente delicioso e que provoca o espectador o tempo todo. Você literalmente entra no filme, e isso pode ser bom ou ruim – levei longos 20 minutos para me acostumar com o clima de ‘Avatar’, período em que tive vertigem dentro do cinema.

Depois que meus olhos se acostumaram com o que via, aconteceu o que eu esperava: o filme não tem roteiro consistente. Não venham me falar que é um filme visual, ou que o roteiro é legalzinho. Para mim, grandes filmes sempre serão feitos a partir de grandes roteiros e isso ‘Avatar’ não tem. Detesto filmes em que você precisa adivinhar as inteções do roteirista, que as coisas não são claras, que tudo fica confuso e no final você supõe os fatos. Ou é claro ou não é. Cinema é feito de histórias, não de suposições.

A história do longa começa na Terra. Jake Sully (o fofo Sam Worthington, de O Exterminador do Futuro – A Salvação) é um soldado que perdeu os movimentos da perna e quando a oportunidade de trabalhar em exploração de minas no Planeta Pandora chega, aceita o desafio. Pandora é um local exuberante e hostil. O ar é venenoso para humanos. Plantas e criaturas são predadoras e perigosas. E os nativos, humanóides azuis com mais de três metros, os Na´vi, não ficaram satisfeitos com humanos e máquinas que lá aportaram (mas tudo isso não fica claro durante o filme, você vai supondo ao longo de quase 3 desgastantes horas).

Devido ao planeta ser um lugar tão adverso, exércitos tradicionais são insuficientes para protegerem as minas. Para isso, uma espécie de programa de clones nomeado ”Avatar”, que combina o DNA de humanos e de Na´vi , foi criado. O resultado é essencialmente o clone de um Na´vi que pode preservar a percepção de um humano. O irmão de Jake Sully foi o doador original e controlador de um desses Avatares. Mas ele foi morto e a corporação responsável pelo projeto chama Jake para ir a Pandora pilotar o tal corpo, já que ele tem o DNA que combina. Em troca, ele poderá andar novamente (essa é a única parte realmente bacana do roteiro, colocar o protagonista com uma deficiência física que, como Avatar, ele não terá).

E Jake vai a Pandora e, enquanto está trabalhando em uma mina, encontra ViperWolf, um dos perigos do lugar. Antes que ele seja atacado, uma flecha perfura a criatura. Ela foi atirada por uma Na´vi (Zöe Saldaña), que o ensina sobre os perigos do planeta.

Os Na´vi vivem em harmonia com os perigos de Pandora, mas claro que os seres humanos querem estragar tudo. E Jake começa a ver as coisas de um novo ângulo e, obviamente, vai se revoltar contra os humanos, etc e tal.

É necessário muita paciência para começar a curtir o filme. Você vê todo aquele visual alucinógeno, fica encantado, espera por Celine Dion gritando a qualquer momento – a voz da cantora me assombrou o filme todo, a trilha sonora lembra demais Titanic – vê as legendas tremerem mas… a história não engrena. Não convence. Não pega nem no tranco. Ainda mais quando começa o discurso ambientalista.

Apesar das crateras no roteiro – é preciso prestar imensa atenção para entender situações simples, como, por exemplo, em que ano se passa aquilo tudo – ‘Avatar’ tem estilo próprio e os Na´vi são uma versão gigante dos Smurfs – seres azuis, simpáticos e carismáticos. O que me atraiu, no entanto, foram os avatares, especialmente o de Sigourney Weaver, muito semelhante à atriz.

Dizer que ‘Avatar’ é o filme de 2009 ou o melhor já feito em todos os tempos é um exagero sem tamanho, e uma ofensa num ano em que foi produzido o melhor filme de ficção científica desta década que está quase no fim – Distrito 9, esse sim, um roteiro inteligente e a prova de que grandes filmes não precisam de efeitos especiais monstruosos, e sim de de uma boa história.

‘Avatar’ é sim, um espetáculo grandioso, bonito de se ver em Imax, e que, no mínimo, tem que ser visto em 3D. É filmão bem feito, não chega a ser ruim, mas não vamos exagerar. É para curtir e pensar como um marco tecnológico, uma revolução visual, mas sem o peso, por exemplo, de Star Wars – feito em 1977 com maquetes que poderiam soar toscas hoje, mas que ainda funcionam com rara força graças ao… roteiro brilhante.

É, eu gosto de bons roteiros. E, desculpem os fãs do cinema visual, isso ‘Avatar’ não tem. Vale como uma viagem criativa, então, embarque nessa sem pretensões e divirta-se como puder.

 


Crítica por:
Janaina Pereira (Cinemmarte)

 

 

Auto Da Compadecida

 

O Auto da Compadecida

Se você queria a prova de que Cinema Brasileiro também rima com qualidade (o que já foi provado há muito tempo) e diversão, eis o seu filme. “O Auto da Compadecida” é uma das grandes comédias já feitas no cinema nacional, com um elenco impagável e impecável e uma história que agradará à todos.

Acompanhamos as aventuras de João Grilo e Chicó, dois malandros de primeira que se metem em situações pra lá de enroscadas para conseguir dinheiro e se dar bem. Esse fiapo de história gera cenas engraçadíssimas, até culminar no final (o “julgamento”), a melhor parte do filme e um das mais engraçadas também.

O elenco, um dos melhores já vistos num filme nacional, conta com Matheus Nachtergale no papel de João Grilo e Selton Mello no papel de Chicó. Com certeza, os dois formam a dupla mais afiada e cômica de toda a história do cinema brasileiro. Suas interpretações são excelentes e são a alma do filme. Há ainda a presença de Fernanda Montenegro, pra variar dando um show, no papel da Virgem Maria e de Marco Nanini como o líder dos cangaceiros. Outros nomes do elenco como Denise Fraga (fazendo rir como poucas atrizes conseguem), Diogo Vilela, Lima Duarte e Luis Melo completam o timão de atores do filme.

O filme é uma versão da minissérie de 1999, já que foi editado da TV para o cinema. Essa edição torna o filme tão ágil e tão rápido que às vezes nos encontramos perdidos com tantos diálogos rasgados e engraçados. Como Guel Arraes teve que condensar mais de 6 horas de história em apenas 2 horas, vários momentos existentes na minissérie ficaram de fora no filme como o do gato que bota ouro, além de outros. Isso nem pode ser considerado um defeito, já que a edição do filme não deixou nada “em aberto” ou que pudesse dificultar a compreensão da história.

“O Auto da Compadecida” ainda conta com ótimas trilha sonora e fotografia, além de bons (mas limitados) efeitos especiais .

Guel Arras faz história e consegue transformar “O Auto da Compadecida” numa das produções mais divertidas já feitas no Brasil, além de quebrar o tolo e estúpido preconceito de que “filme nacional não presta !”. E, convenhamos, numa época de “Popstar” e “Zoando na TV”, isso já, por sí só, um gigantesco mérito.


Crítica por:
Diego Sapia Maia

 

 

Atrizes

 

 

Sinopse: Madeline é uma atriz de quarenta anos que começa a ensaiar para uma peça. Ela é solteira e está obcecada em ter um filho antes que chegue à menopausa.

Quem tiver um pingo de objetividade como filosofia de vida não deve entrar em uma sessão em que esteja exibindo Atrizes (Atrices). Franceses não são conhecidos por ser um povo prático, já que adoram discussões intermináveis e por vezes inúteis. Atores também não são lá muito práticos, com exercícios de palco que são inteligíveis e parecem sandices para os leigos. Agora imagine, caro leitor, o que é um filme francês em que a maioria dos personagens são atores…

A protagonista está muito obcecada pela ideia de ter um bebê. Ela apela para todas as maneiras possíveis de conseguir seu objetivo e, por vezes, suas tentativas desesperadas chegam a ser engraçadas. Conforme o filme avança, percebemos que ela está tendo problemas mentais por causa desse plano mal-fadado. Aí é que as coisas começam a ficar chatas, já que Madeline começa a atrapalhar a vida de várias pessoas por causa da idéia fixa de gravidez. A menos que o espectador faça um esforço para identificar a protagonista com outra mulher solteirona desmiolada, a empatia é impossível.

Para fazer companhia a Madeline no manicômio, outros personagens também revelam suas extravagâncias. A mãe dela faz declarações excessivamente íntimas durante uma aula de inglês, o diretor da peça tem surtos de autoritarismo, a assistente dele também tem suas próprias ideias fixas… É um tentando ser mais louco que o outro.
Tudo que se pode dizer é que gostar de Atrizes é um desafio.


Crítica por:
Edu Fernandes

 

Atraídos pelo Crime

 

 


Sinopse: As histórias de três policiais de Brooklyn. Eddie está a uma semana de se aposentar. Tango está infiltrado em uma gangue de traficantes de drogas. Sal está preocupado em arrumar dinheiro para comprar uma casa mais confortável para sua família, nem que precise aceitar dinheiro sujo.

Atraídos pelo Crime (Brooklyn’s Finest) pode ser avaliado como uma junção de várias ideias que já funcionaram em outros filmes policiais. Se isso garante a satisfação dos amantes do gênero, a certeza de um ar de repetição incomoda quem procura por um pouco de novidade. Para mostrar as semelhanças com títulos do passado, vamos analisar os três personagens principais separadamente.

Eddie é um policial amargurado pela vida que está literalmente contando os dias para sua aposentadoria. Máquina Mortífera (1987) já mostrou uma trama semelhante, apeser de ter uma pegada de mais humor. O problema de aceitar Eddie é que ele não se esforça para facilitar a convivência com ele e há vários momentos em que o espectador pode querer dar um tapa na cara do sujeito.

Tango luta para manter seu disfarce enquanto está infiltrado entre traficantes de drogas. Infiltrados é a referência mais clara quando esse assunto está na tela, mas também é possível comparação com O Traidor, outro filme estrelado por Don Cheadle. Essa segunda similaridade acontece por ambos mostrarem razões mais profundas para que ódio entre dois grupos exista. Sejam os traficante e policiais, ou os terroristas e os EUA. Esse é o personagem mais carismático nesse mar de figuras complicadas.

Já Sal está com grandes problemas porque seu salário não consegue dar conforto o suficiente para sua família. É possível contar pelo menos cinco filhos de Sal, mais os gêmeos que sua esposa espera. O mais incrível é que em momento algum é cogitada a solução do planejamento familiar. Dá a impressão que ele está nessa situação complicada simplesmente porque não calculou as consequências de suas escolhas. É difícil compactuar com isso.

 


Crítica por:
Edu Fernandes (CineDude)